entrevista

Com a palavra: Alzira Guaraldi Severo

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: arquivo pessoal

Nascida em Santa Maria, Alzira Guaraldi Severo, 72 anos, descobriu a música ainda pequena. Com a paixão, vinda de família, ela ingressou na primeira turma de Música da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), formando-se em licenciatura plena de Música (piano) e bacharelado de Música. Voltou ao Centro de Artes de Letras (CAL) como professora em 1973, onde atuou por mais de 25 anos. Durante sua carreira, foi uma das criadoras do Festival Internacional de Inverno da UFSM, em Vale Vêneto. Hoje, aposentada, mora em Porto Alegre e segue compartilhando a música com sua família e amigos.

Diário de Santa Maria - Como começou a sua relação com a música? 
Alzira Guaraldi Severo - A minha relação com a música iniciou muito cedo, porque meu pai adorava música e tocava violão sempre que podia. Ele até era chamado de João Barulho, porque estava sempre fazendo alguma coisa com aquele violão, era autodidata. Quando eu completei quatro anos, ele me colocou em um conservatório em Santa Maria, que se chamava Mozart na época. Mas não só ele que me deu forças, eu tinha uma tia que se chamava Edy Severo Bondarenco, ela também me deu muita força, me incentivou muito. Como eu cresci nesse ambiente musical, eu não poderia ser outra coisa nem ter escolhido outra profissão que não fosse a música. 

Diário - E na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como inicia sua trajetória? 
Alzira -
A minha trajetória na universidade iniciou quando eu fiz vestibular para ser aluna de Música. Eu entrei na primeira turma de Música da UFSM. Depois que terminei a licenciatura e o bacharelado em piano, fiz concurso para a universidade em 1973 porque tinha uma vaga para professor e tirei o primeiro lugar. Desde então passei a integrar o corpo docente do Centro de Artes e Letras (CAL).  

Diário - Como foi sua passagem como aluna da primeira turma de música da UFSM? 
Alzira -
Após passar no vestibular, iniciamos as aulas que aconteciam na Rua Niederauer, no fundo da faculdade de Direito. Ali, fiz as melhores e maiores amizades que continuam até hoje.  

Diário - Por quanto tempo a senhora ficou no CAL?  
Alzira -
No Centro de Artes eu trabalhei até me aposentar, com mais de 25 anos de atividades, não só diretamente com a música, mas também participando de concertos nos vários projetos do CAL, bem como assumi vários cargos, como coordenadora do curso de música, chefe de departamento e direção do CAL. Trabalhei no Festival Internacional de Inverno da UFSM até a 25ª edição. 

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Da esquerda para a direita, Maria del Carmen Macchi, Alzira, José Francisco Goulart, Sirley Kantorki e Enio Guerra. 

Diário - A senhora é uma das idealizadoras do Festival de Inverno de Vale Vêneto. Como surgiu essa ideia? 
Alzira -
A ideia do Festival de Inverno surgiu porque nós tínhamos muitos alunos que não tinham condições de ir para o centro do país em festivais. Então a gente resolveu que devíamos fazer um para nossos alunos em Santa Maria ou na região, para que tivessem a oportunidade de conhecer novos professores, novos músicos e se aperfeiçoar didaticamente falando. A partir disso, fizemos um projeto para a universidade, que foi aprovado, que seria um festival de música, mas ao mesmo tempo, como nós tínhamos escolhido a região de Vale Vêneto, nós tínhamos que ter alguém que nos desse um contato para conversar com o pessoal da região para que pudéssemos fazer o festival. Fomos conversar com o padre Clementino Marcuzzo, que era capelão do Hospital de Caridade na época, e ele nos apresentou para a comunidade e ficaram todos muito entusiasmados. O padre Clementino também achou que poderíamos criar junto a Semana Italiana, e ficou o Festival de Inverno e a Semana Cultural Italiana.  

Diário - Como foi a primeira edição do festival? 
Alzira -
Iniciamos esse festival com uma série de dificuldades, não foi tão grande, não tinha tantos instrumentos, porque a dificuldade financeira era muito grande. Apesar de pequeno, foi um festival que rendeu frutos e foi além das expectativas de todos nós. Fui eu quem fez o projeto, mas na época tínhamos uns 24 professores do departamento de música e todos eles participaram da primeira edição e colaboraram para que ele acontecesse, assim como a prefeitura, funcionários e demais pessoas da reitoria. O professor Milton Masciadri, ele é a pessoa que até hoje, junto com a professora Vera Viana, foi um importante contato com os professores internacionais. 

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Diário - Neste ano o festival foi incluído no calendário oficial de eventos do Estado. Como a senhora vê esse reconhecimento? 

Alzira - Eu acho importante esse reconhecimento, já não era sem tempo. Estamos na 35ª edição e o trabalho do festival é árduo e grande e sempre precisamos de apoio para termos estímulo e seguir em frente.  

Diário - Como a senhora vê a importância tanto do CAL quanto do Festival de Inverno para a cidade?  
Alzira -
Qualquer manifestação de arte tem importância em uma sociedade. Acredito que o CAL tem mantido, não só a cidade, mas a universidade, com uma vida cultural intensa, através da música, artes e letras. 

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Diário - Um dos seus três filhos também escolheu a música como carreira. Teve sua influência?  
Alzira -
Eu tenho três filhos (foto ao lado). Meu filho mais velho, Gustavo, 47 anos, se formou na UFSM e hoje é doutor em Engenharia. A minha filha mais nova, Bianca, 41 anos, também se formou em Santa Maria e hoje é contadora. A Clarissa, 44 anos, filha do meio, é doutora em percussão e hoje mora na França. Ela cresceu ouvindo música em casa, às vezes ia a faculdade comigo e desde cedo se interessou pela música.  

Diário - A música ainda faz parte da sua rotina? 
Alzira - Sim, mas faz parte no sentido que eu ainda toco, estudo, mas só pra mim e minha família. Não toco mais em público. 

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